Sou eu que pago a renda aos
demónios, por eles viverem em minha
casa; E tanto mais pago, quantas
são as vezes em que eu me esqueço
de que eles cá continuam.
Já ensonado, uso uma escova de
dentes usada; meto um bocado
de pasta de probabilidades e
nunca chego a notar a sujidade,
que o demónio sem dentes, lá
tem deixado; Esfrego-os sem
agilidade e cuspo na banheira por
ser maior e mais simples....disparo
um espirro, por ela ser branca e
por eu andar de pés descalços, desta
maneira; Abandono a escova, já limpa
e deixo-a à mostra, fora do esconderijo.
Não me posso queixar....(mas devia!)
A minha casa tem quase sempre alegria,
que encomendo da períferia; sem ser nos
momentos tristes, esta casa é sempre muito alegre;
Tirando os momentos que esta casa tem, é tudo
tão alegre, como se toda a alegria tivesse nascido aqui...
Neste amanhecer, um demónio dá uma gargalhada e conta-me uma
anedota sem piada... eu não fico mais alegre por não perceber;
Fico só mais ansioso de que a verdade chegue e de
que me faça sinal, quando já estiver aqui.
À noite, os demónios pedinchas vem deitar-se
encostados à minha pele, na minha cama e puxam-me
o cobertor todo, deixo que a tristeza desta casa me renda,
para que lhes possa dar tudo aquilo que eu reclamo,
como sendo deles....depois de tudo dar, sem nada receber
em troca, sinto-os a sair da cama em alvoroço, a acelerar
no corredor e a deitar ao chão os biblôs, que não estão para efeitar;
Ligam as luzes todas, sem pedir licença e
apagam a minha, de presença....
Mexem nas minhas coisas sem eu lhes pedir,
sinto alegria mas não os oiço a rir.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
1 comment:
os demonios são matreiros e traiçoeiros e amigos fieis e meigos.
nunca deixam de ser demonios, e são sempre indispensaveis.
Post a Comment