Sentindo o palpitar fluorescente do meu coração,
Levantei-me, meti o guião em cima do sofá
E, usando a minha imaginação desprendida,
Deslizei até à cidade mais próxima;
Com raios de luz e bolas de luz cor-de-rosa suaves
Comecei a fazer movimentos lentos com a cabeça
Até que me surge uma avenida repleta de movimentação
E dou por mim a observar tudo aquilo, com grande admiração -
Sem tempo para pensar, ao olhar para o lado, vejo um comboio
Infinito a recuar - recuando para sul.
"Tempo de voltar, Tempo de voltar!!" - ouve-se alguém nesta ruas a apregoar.
"Tempo de voltar! Tempo de voltar!!", com insistência tal que me faz descansar.
Os passeios estendem-se ao comprido e são espezinhados
Pelos inocentes humanos - alunos da vida, trabalhadores. -
Caminham cortadamente pela noite para chegar a suas casas,
Onde apagam as labaredas da fricção do seu dia com palavras meigas e mansas dores.
Onde o tempo não tem razão nenhuma...
Onde o único alívio é o rugido do mar interior,
O seu recorte, a clássica espuma. O tempo não tem razão aqui.
Derrepente reparo como a noite aperta tudo nas suas pomposas dimensões
E vejo um gato negro atravessar um jardim escasso;
Sobe-me um arrepio molhado à espinha dorsal,
Que percorrendo as paredes baças de cada vértebra devagar
Acaba por não me fazer mal nenhum.
Arrepio que puxando a minha dor para um ponto só,
Entranha-se naquilo que eu estou a observar
Como o som de cornetas num desfile de carnaval.
É-nos dada a canela depois de,
Empoleirada na perna da mesa,
A divina criança ter roubado o açúcar e o sal.
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1 comment:
"Tempo de voltar, tempo de voltar!"
Fez-me çembrar a conversa do outro dia. :)
Será sempre tudo assim tão distante?
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