Friday, 26 October 2007

o instante

Como foi bom aquele instante,
como foi não sei dizer,
só sei que lá estive e
que foi longo a valer.

Não sei se lá vou,
não se lá vou voltar,
Só sei que isso vai ser
enquanto estiver para aqui a falar;
eu o que deito, o que cá tenho dentro,
sai para ser, para ser como gente grande
e eu cá comigo fico, livre do que não tinha.
Ora pois cá fico eu, ora pois nunca cá estive.

Fico um momento na limpeza
porque mais não posso ficar.Fico limpo,
sim; fico limpo ao ficar e estou
limpo quando vou, até que dê tempo para
sujar.

Sai para fora, sai.
Sai para fora porque entrou.
Sai para fora mole e feio
por ter vindo a correr entrar,
agora tropeça, ao andar.
AI, ofegante é minha raíz quando
me desloco ao pensar...

*

Falo simples e natural

Falo simples e bem fácil,
para que todos possam receber e
para que eu possa saber que quem não entende
não é por não ouvir,
mas por viver no objectivo que estas palavras juntas
parecem querer atingir,
na minha percepção estranha.

*

Um

Quando desenho uma vírgula,
não é para valer, por só ter uma coisa a dizer.
Digo muitas mas é sem querer.
Não quero dizer paz nem igualmente amor;
Só quero dizer aquilo que tudo diz,
ao ficar calado.Encerrado por rouquisse.
Nem que mal perdesse se isto não continuasse a ser o que não deixo de sentir.

No comments: