Thursday, 22 November 2007

o narrar poético

Hoje fui a uma creche aqui
ao pé e recitei um poema às
crianças; o poema deu-se assim:

A lua sobe, a lua desce,
a lua sobe, a lua desce,
a lua sobe e fica em cima,
a lua desce e fica em baixo
a lua sobe, a lua desce
a lua sobe, a lua desce,
a lua parou.

Cada criança com um brilho no seu olhar singular,
a bater palmas e a rir sem força...

Um pouco a seguir ao poema reparei
que os monitores estavam com ar de
não-crianças... logo me disseram bem
alto adeus e me apontaram a porta dos fundos...

A creche é no centro da cidade,
na volta para o sitio onde eu ia,
cruzei-me com uma imensidão de seres
que não falaram comigo, estavam de boca
fexada sem sentimento de abertura;
recordo-me de um em especifico com os lábios
roxos e feridos...a força que ele tinha de fazer para
fechar a matraca!...há algo forte a querer sair...
Reparei que tinha a minha aberta, a um certo
instante e logo assim a fexei;
...veio-me do além aquela rápida resolução do
sitio onde me encontrava, incluindo-me;
e bem por isso a mantive enclausurada.
Fez-me lembrar a expressão 'matraca fexada'
como uma imagem boa para esta gente; para o que vejo aqui,
por assim dizer melhor, mantendo a bouca fexada.

Apanhei o autocarro Zero na
paragem dos Problemas que
ainda me fazia sentir a uma boa distância
do sitio ao qual vou;
entrei no autocarro pela fila dos Desiquilibrados
e comprei um bilhete dos Azuis para
me equilibrar, andei um ponto, olhei em volta,
nao tinha onde me sentar...
Fiquei pesadão de pé, agarrado com a mão certa,
ao poste da condenação;
Uma pessoa simples disse a alguém que o
autocarro ia parar numa paragem longinqua de nos,
acabando por parar numa que estava a mais ou menos
sem metros...

Na altura certa, cheguei à minha paragem
e sai num pulo; disse-lhe olá, a ela que não
tem conteudo, que não tinha ninguém a ocupá-la,
à espera de autocarros...

hunnn...que bem me senti.....hunnnn................................

...nem falar saia naquele momento,
naquele momento em que a boca
falava por si...
Andei e sentei-me encostado no
primeiro banco da paragem...
...como que chega um sentimento
de uma vasta energia,
que entra na mão direita, pela palma e
que se começa a espalhar por todo o corpo...

Espalha-se a lava, a lava fria....
que fria ainda derrete melhor do que quente derreteria;

Abro os olhos da repetição, oiço
um autocarro a passar....
ou será o barulho da preversão?....
...estava eu ali....para onde ia...não sei.....

O autocarro esse sim,
vai parar já a seguir,
na proxima paragem que anda.

No comments: