Saturday, 24 November 2007

...pela manhã fria

Deitado de lado, de olhos
fexados, na minha cama ao
levantar do dia, faço força
com o joelho contra a parede,
tomando-a como sendo o tempo
todo que se tem em conta...
Vivo isto no início do meu sono, já não profundo.

Quero afastar o tempo com o joelho
até que ele fracasse e se parta;
abro os olhos no momento em que
a luz do sol comeca a bater na parede e
paro de empurrar, para observar o tempo (com atenção);
Ceguei por causa dele.

Estou cego e passo a ver o sono
como uma coisa normal;
o que nao é; como não é
normal que haja cansaço
durante o dia....
..mas agora o normal anda perdido,
sem mapa algures, numa das vastas dunas
de explicação que existem nesta cama...
onde eu começo a viajar todos os dias, à noite,
quando ela cai em mim;
parando escassas vezes no vale da duna do quarto, para descansar à sombra...
até que levante o olhar do sono e veja que o tempo está
ao meu lado, a dizer-me para não o empurrar com
o joelho e sem me dizer com o que o hei de empurrar;

De olhos abertos ou fechados
encosto-me, com vontade de ter relações,
à excitante parede, que agora não tem tempo de todo
e luz não tem, além daquela que é sua.

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