Saturday, 24 November 2007

o saco do lixo

Puxo do bolso da percepção, a chave da
carripana, onde ponho o saco do lixo que
vou a despejar pelo caminho até aqui chegar...
quando aqui chego à lixeira já não
tenho nada senão o saco que possa deixar...
conduzir só a carripana, sem
que seja preciso parar a meio do
caminho para aproveitar e recolher
mais lixo, é uma viagem singularmente boa...
assim vazio, vou bem mais leve...

Que seria feito de mim se não houvesse
caminho até aqui para eu deixar o meu lixo?
ainda bem que isto é bem longe...assim
nada acaba e pode ser que outro conductor, com
uma carripana diferente
possa ir deixando por aí
os seus pensamentos e os deixe cair em cima destes...

Sinto-me um motor quando vejo
que a viagem para a lixeira é mais
divertida do que a de volta;
volto, mas sem voltar...
Só o lixo me traz a viajar!
Ele é o unico que me leva nesta carripana...
...nunca o vou chegar a despejar todo...

Quando venho no caminho a
esvaziar o saco, tomo como certo que o
lixo lá fica morto, do lado do passeio;
vindo só eu a saber durante o meu regresso, a pé
que é ele o ladrão que me rouba
a chave, do bolso da percepção, que faz
todo o caminho de volta e me vai enchendo
de novo de si...

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