Monday 17 December 2007


Existem dois barcos à nossa disposição neste porto em que nos encontramos, o porto da vida. São eles o barco da dúvida e o barco da confiança.
Temos de duvidar primeiro, temos de viajar o suficiente no barco da dúvida até que entendamos que essa viagem não nos traz nada de valioso, é preciso remar o bastante para que nos apercebamos de que, com o barco da dúvida a viagem é, toda ela cansaço.É necessario essa experiência para que ganhemos a noção de que este não é o barco da vida; que é apenas um meio necessário, para compreender que a viagem da vida só pode ser feita no barco da confiança.
A um certo momento damo-nos conta de que a satisfação, na viagem com o barco da dúvida, só pode ser alcançada quando todas as dúvidas forem esclarecidas. A satisfação só chega quando o próprio barco é abandonado!
Existe a constante opurtunidade de voltarmos ao porto de onde partimos, na realidade é onde nos encontramos neste exacto momento. A opurtunidade de mudar de barco nunca deixa de existir, mas para que essa mudança seja feita, é necessario perceber o porque dela… É necessario ir acordado, no barco. É necessario duvidar deste sono durante a viagem, se ainda não provámos um pouco de pura satisfação é sinal de que temos estado adormecidos, encostados para trás no barco, este tempo todo!!…
Quem nos terá cansado?!…Sabendo nós que estavamos sentados no porto, sem fazer nada que cansasse?!…Alguém duvidou da nossa autenticidade, da nossa capacidade de ser, alguém nos cansou de nós mesmos!!

A única maneira de nos apercebermos de qual é o nosso barco, é entrarmos no barco da dúvida e remar um bom bocado, para acordarmos os nossos sentidos. Ao estarmos realmente acordados nesta viagem, vamos chegar a conclusão de que tudo o que ela nos traz é desilusão; durante esta viagem vamos sentir algo que não é a vida, vai-nos faltar sempre qualquer coisa, vamos passar a viagem a chorar por dentro…vamos sentir-nos impotentes durante toda a viagem por não nos conseguirmos satisfazer. Nesta viagem o nosso ponto de satisfação vai encontrar-se sempre lá ao fundo, na resolução da próxima dúvida…sempre da próxima.

Sobre a viagem com o barco da confiança, não há nada que eu possa dizer de acertado, pois essa viagem é espontânea a cada momento, imprevisível a todo o instante. No momento em que a decisão de apanhar o barco da confiança é tomada, aí sim, a viagem da vida começa…

Não nos cansamos a remar, remar é só para os que duvidam da corrente…começamos a amar a nossa viagem em vias de a tentar mudar!...Um ondular de extâse começa a fazer cócegas na parte de baixo do barco em que viajo e esta felicidade arrebatadora não deixa que o sono chegue perto sequer!…Agora sim, a vida faz todo o sentido!!

Mas é precisa bastante coragem para confiarmos em nós até ao fim, para que esta viagem maravilhosa continue….. é precisa coragem até à real compreensão, vamos voltar bastantes vezes ao barco da dúvida, mas isso tem de acontecer…isto por vivermos rodeados de pessoas que estão a fazer a sua viagem nesse mesmo barco; todos eles vão a dormir….cheios de pesadelos “reais”.Sentem os seus pesadelos fortes demais, para os viverem sozinhos…estão constantemente a partilha-los connosco inconscientemente…a fraqueza é a verdade mais pura, por isso acaba sempre por vir ao de cima e deve ser aceite.

Encorajo-te a exprimentar as duas viagens e a dar tempo até que o resultado de cada uma se manifeste…pois so nos é permitido tirar uma verdadeira conclusão quando nos entregamos a cada situação e lhe damos espaço para acontecer...

Passo-te a minha experiência através de palavras, porque não o posso fazer de outra maneira. A tua experiência só pode ser vivida por ti…já sabes disso, eu sei que sabes, mas o erro que temos cometido concentra-se exactamente ai. Temos arrumado tudo o que já sabemos na gaveta, caindo tudo isso no esquecimento….algo nos pesa cá dentro e nós não percebemos o que é...Do saber ao conhecer vai uma distância bastante significativa, vai toda aquela distância que a pressa do tempo nos faz passar despercebida.

Encorajo-te a abrir de novo a tua gaveta, a tirar tudo o que la te puseram, no passado….a dar todo o tempo do mundo a cada coisa, uma de cada vez; o conhecimento verdadeiro vai chegar. No momento em que ele chegar, não vais ter de meter isso de volta na gaveta, pois a coisa em questão simplesmente se evapora de ti…. é um processo muito bonito...É o caminho até ti!…Ando a caminhar, sem me preocupar pois sei que hei de lá chegar!

Confia ou duvida de mim mas
Lembra-te: Nada vai mudar se a nossa percepção não o fizer primeiro...!

*

Monday 10 December 2007

o jogo do pensar

Jogando no tabuleiro da verdade,
jogo sem peão; não sei em que casa vou.
Quem é a jogar?
Vá, jogo eu já que ninguém responde...
Lanço o dado e tem piada;
Lanço o dado de novo por ter calhado double
e tem piada outra vez...
Lanço outra vez...não vi quanto calhou...
Só mais uma vez, para acabar....mais uma que parece que ainda não está tudo...
Inventei um jogo!!
Mas só da para jogar um, não da para emprestar este dado...
Podíamos brincar em cima do tabuleiro!!
mas o dado....(agora cansei-me )

Sou eu o peão e tenho energia para mudar de casa agora!

Sunday 9 December 2007

Você está com tanto medo de inimigos que fecha as portas da sua casa. Agora nem sequer um amigo poderá entrar, o proprio amante ficará lá fora. O amante continuará a bater à sua porta, mas você tem medo, pode ser o enimigo.- Osho

Saturday 8 December 2007

Este foi o pensamento mais bonito que ja me aconteceu...
juntou-se a mim quando acordei e não me largou, nem quando anoiteceu....sou feliz!!!
l
f
d
sgf
dsf
gr
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j
y
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Wednesday 5 December 2007

Aceita-te

O vento da vida passa por todos
mas só os (que aceitam ser)fracos são arrastados;
Os (que se fazem de) fortes hão de
ficar sempre no mesmo sitio, de
uma maneira dura, até que uma
brisa discreta passe e eles caiam degradados
no chão; Completos de infelicidade
por nunca terem chegado a ir a lado nenhum...

ILusão óleosa

Respondo à minha falsidade
de uma maneira falsa,
procuro anulá-la com cada passo
que dou. Mas falho, por cada
passo que dou ser verdadeiro.

Tuesday 4 December 2007

Eu não tenho voto naquilo que sinto;

Eu não tenho voto naquilo que penso;

Eu não tenho voto naquilo que os outros

recebem de mim, ao dizer isto;

Eu não tenho voto naquilo que os outros

recebem de mim, quando digo outra

coisa qualquer;

Eu não tenho voto naquilo que vejo;

Eu não tenho voto naquilo em que acredito;

Eu não tenho voto em nada... só no nada, em si, eu

posso votar; Só tenho voto na matéria e voto em branco,

para que o nada não fique com a sensação de

que chegou alguma coisa.

Se o meu voto não fosse

nulo, nunca teria voto. Nem sequer no nada, que passaria a ser algo:

o nada é a minha única certeza.
Neste sítio onde eu estou,
existe uma pessoa que me
ocupa espaço; Faz-me sentir pisado.

Falo-lhe sem a ver e convido-a a sair
deste sítio; Mas acabo sempre por
ser o coração mole; acabo por ser um
coração; o coração persuadido;
Sou o coração que esta pessoa trata
como sendo dela; não sei como lhe mostrar
a verdade; não sei como a olhar nos olhos,
por eu não ter uns...só ela os tem e mesmo assim vê menos do que eu
(por não existir fora de mim)
sou aquele coração que já não bate, por ter alguém que
me bata, com a força que eu não tenho. Peço-lhe silêncio e ela pergunta-me
para quê; digo-lhe que sou brutalmente sensível e ela
diz-me que sou homossexual.
Num momento, mais tarde ou menos cedo, vou
começar a viver o que ela me diz;
Nesse mesmo momento vou passar a aceitar que sou só um coração
a fingir, numa pessoa de verdade:

Monday 3 December 2007

em relação ao comentario, no poema anterior

não diria melhor...dizer as coisas por si toca-nos na alma, mas por querer dizer algo mais para além do que digo, na verdade, é que fico sem saber se alguma coisa me tem tocado...

Sunday 2 December 2007

Porquê dar um nome às coisas se quando elas aparecem, aparecem sem nome?...

Quero dizer algo que me encha
a boca, até ao fim; encho a boca
de ar até não poder mais e fico
calado até cá dentro.
Calado e insatisfeito.
Chega-me a satisfacão atrasada;
Chega-me a satisfacão, só quando
tudo já se foi embora;
Não posso falar de nada, em satisfação;
Não há ilusao, não há assunto.

Quero dizer algo que me encha a
boca até ao fim, para que possa
ficar calado e satisfeito até que
a frase termine.

Bigode Colado

Dou pulinhos redondos de prazer,
por entre estas folhas, sem escrever;
Corro por aqui, sem fim, até que me
deito numa linha, sem peso;
Acabo por me deitar sempre no meio
da linha, mesmo que me deite depois desta
margem consoladora, acabo por me deitar
sempre no meio; mesmo de modo a que fechem
este caderno depressa e eu aqui fique, escrito dentro...
Tudo pode acontecer, mas eu nunca vou escorregar
do meio da linha, porque é aqui que estou.
Vou ficar a sonhar parado, sempre no meio, por
continuar sem saber que início hei de escolher para
ser o fim e a que fim hei de dar o nome de início;
Fico-me por aqui então,
a meio do poema tambem.
Sou eu que pago a renda aos
demónios, por eles viverem em minha
casa; E tanto mais pago, quantas
são as vezes em que eu me esqueço
de que eles cá continuam.

Já ensonado, uso uma escova de
dentes usada; meto um bocado
de pasta de probabilidades e
nunca chego a notar a sujidade,
que o demónio sem dentes, lá
tem deixado; Esfrego-os sem
agilidade e cuspo na banheira por
ser maior e mais simples....disparo
um espirro, por ela ser branca e
por eu andar de pés descalços, desta
maneira; Abandono a escova, já limpa
e deixo-a à mostra, fora do esconderijo.

Não me posso queixar....(mas devia!)
A minha casa tem quase sempre alegria,
que encomendo da períferia; sem ser nos
momentos tristes, esta casa é sempre muito alegre;
Tirando os momentos que esta casa tem, é tudo
tão alegre, como se toda a alegria tivesse nascido aqui...

Neste amanhecer, um demónio dá uma gargalhada e conta-me uma
anedota sem piada... eu não fico mais alegre por não perceber;
Fico só mais ansioso de que a verdade chegue e de
que me faça sinal, quando já estiver aqui.

À noite, os demónios pedinchas vem deitar-se
encostados à minha pele, na minha cama e puxam-me
o cobertor todo, deixo que a tristeza desta casa me renda,
para que lhes possa dar tudo aquilo que eu reclamo,
como sendo deles....depois de tudo dar, sem nada receber
em troca, sinto-os a sair da cama em alvoroço, a acelerar
no corredor e a deitar ao chão os biblôs, que não estão para efeitar;
Ligam as luzes todas, sem pedir licença e
apagam a minha, de presença....


Mexem nas minhas coisas sem eu lhes pedir,
sinto alegria mas não os oiço a rir.