Friday 26 September 2008

'sensacao sem compreensao'

De dentro de uma cidade de lua cheia,

A noite passa por ti a milhas de distancia...

Miras a donzela desnuda do pontao e

Balancas uma gargalhada colorida no

Avental da cozinheira da existencia

Caindo para o nada de tanto existires...

Galfinhas os atomos das pedras rijas

Com o dedo mendinho maior enquanto

Um bocejo existe fora de ti

Derrepente a donzela descalca da-te um

Pontape no ar e faz-te sentir em casa

Thursday 25 September 2008

A bóia ilusionista

Continuamos presos ao ego tal como um barco, preso por uma corda a uma bóia, algures no oceano; O oceano continua a existir mas mesmo que ainda tenhamos uma noção disso, continuamos a fazer todos os esforços para acreditar que a 'viagem' que o comprimento da corda nos proporciona é suficiente para nos satisfazer... No momento em que perdermos totalmente a noção de que existe um mar à nossa volta e começarmos a viver dentro da bóia, a vida vai perder o pouco sentido que ainda tem...é altura de cortar a corda e sentir a experiência da vida de uma maneira real...total

é de cortar a respiração

(Numa manha certinha e suave)

Rompe a ambulância num aparato tremendo por dentro da cidade, para ir salvar uma vida em perigo, enquanto o sistema da civilização vai matando todas as que estão a são e salvo, de uma maneira discreta, calma e silenciosa...

Neste Infinito Mar

No mar que esta vida é,
A maior parte de nós prefere ficar
À superficie a nadar,
Eu indo por mim,
Vou até às mais profundas profundezas
Mesmo que acabe por me afogar...
No profundo, respiro mesmo até ao fim,
À superficie, momentos menos sufocados é tudo o que tenho para mim...
A coragem é a via que precisamos para descer,
Já a seguranca que a superficie nos dá...faz-nos sentir
Que toda esta vida é, lentamente, passada a morrer.

Este mar não tem fundo,
Este mar tem profundidade

Friday 12 September 2008

Com os olhos dormentes
Faço sinal a noite,
Enfio a lingua toda
Pela garganta da lua adentro;
Nunca tinha tocado em algo
Tão palido e continuo sem saber
Como seria fazer isso, pois foi
Extremamente intenso.
Sufoco a lua e ela morre dentro
De mim ficando cheia;
A noite fica às escuras e bate com
Força com a cabeça na esquina sólida
Da existência...começa a derramar
Tanto sangue do pontinho, que me
Ensopa em silêncio profundo - tudo o que este sangue é.

Dou um assobio e uma gargalhada
Ao mesmo tempo, vomitando esta
Carpete, sem som, pintando-a com
Tudo o que não e meu, desaparecendo
Assim neste lugar sem um olhar.

Sinto intensamente o
Desembrulhar da confusão
Logo que acordo, mesmo
Sabendo que nunca acordei,
Que sempre sonhei e que continuo.
Distingo-me de tudo o que existe por me tomar em conta como a consciência que sente esse "tudo" e ao sentir essa distinção perco-me de mim; A "minha sensibilidade" sou eu e por isso não a possuo...não é algo que nos faça pensar, mas sim tudo o que nos permite sentir (com ou sem consciencia de que o estamos a fazer).
O exterior do meu universo é o unico espaço que eu tenho como meu, o unico sentido de mim é ai que existe. Tudo aquilo que tem sentido eu ser é aquilo que eu nunca vou ser, sendo eu que sinto isso. O sentido de ser algo é o que me impede de ser eu; Nao posso existir como a minha propria percepção, pois qualquer tipo de percepção é montada por um conjunto de factores exteriores e eu nao sou nada para alem desta energia. Uma percepção não é nada para além de um bloqueio da energia que eu sempre fui; um conjunto de referencias constroi uma percepção e uma percepção cria sempre uma prisao. A percepção de que todos somos seres e de que todos temos as nossas certas limitaçoes, é uma percepção logica e por isso as pessoas adoptam e vivem presos para sempre nessa prisão. A logica prende-nos na regra de que tem que ser assim, como se fosse parte do que naturalmente somos.

Se alguem te perguntar o que tu realmente és...se assim, silencioso, pois quem te pergunta isso vive preso na obrigação de ter de ser algo para alem do que é.

Derrepente metem-te a frente um prato recheado de existencia e tu comes tudo, estas esfomeado de ti.

Um livro abre-se em dois, como ao acordar sabes que esse dia vai acabar;
Viras uma pagina desse livro e ele continua aberto em dois...
No momento em que o livro se fecha e o dia se abre para ti e tu tens um flash de unidade
vais compreender intrinsecamente que nao existe uma verdade.