Saturday 22 January 2011

Façamos pouco da vida,
Antes que ela dê de caras com
Essa seriedade toda
Que nos é conhecida
E comece ela
A fazer pouco de nós !
Anda o homem a viver
Como se estivesse a cumprir
Uma pena cinzenta a arder!
Desliguem os interruptores !!
Furem os pneus !!
Parem os aspiradores !
Espirrem a ranhoca contra os céus
Façam bolos de pão de Ló !!
Mostrem a tais almas fardadas
Que a linha da vida é demasiado
Fininha para dar um nó !

Saturday 8 January 2011

Qual é o sentido da vida?
Acho que se houver um sentido
Tudo perde o sentido...
Se o destino da viagem for Fornos de Algodres
A viagem é só uma consequência,
Se o destino for Desconhecido,
Como tem sido até agora,
A viagem é a existência
Com toda a sua potência!

Os sinos da Igreja

Os sinos da Igreja dão
As suas badaladas gigantescas,
Os cães ladram algures
E o eco bate nas paredes,
As pessoas passam umas
Pelas outras e sentem medo
Da verdade com que as pernas andam.
Sinto o desconforto das pessoas
Ao ouvir os sons do mundo
Mas deixo o desconforto passar
Como as águas que embatem nas rochas
E passam para o outro lado do pontão,
O som é infinito, o desconforto não.

E ainda ouço as pessoas a fazer elogios
Umas às outras com a esperança de que elas
Façam mais coisas boas como as que têm feito,
Sem perceber que isso só as atrapalha,
Só as coisas que acontecem naturalmente deixam
Um ar da sua graça no ar.
Quando andarem a fazer mais coisas boas vão
Tentar fazê-las ainda melhor e para as melhorar
Têm de pensar sobre o que é que nas suas coisas
Aos outros agradou.
Enervadas porque nenhuma das suas novas obras
O comprador levou.
"Demasiado forçadas." pensou.
Forçadas como tudo o que tem causado
Desconforto nas pessoas.
Se não houver o conforto mínimo
Pouco mais haverá, sem a comunhão sagrada
Dos sentidos estamos largados ao famoso "Deus Dará".
Quanto mais actuamos mais nos vamos distanciando
Da ilusão que é a realidade deste império quer
Queiramos quer não...

Um dia tudo se desmontou à frente das nossas barbas
E acreditámos nunca ter isto tido uma razão de ser sincera.
Uma razão de ser.
É agora que tudo volta a ter sentido
Que devemos parar e ver
Aquilo que de uma maneira ou de outra
Se pode utilizar para que todos voltemos a viver.
Não há trocadilhos aqui
Que só uns possam entender,
Tudo se mostra nú e cru quando há necessidade
De se ver.
Aquilo que não necessita de ser visto é o que puxa
Mais o olhar,
Mas apenas por ser o menos entendido e por nos
Querermos realçar.
Um escorrega pouco escorregadio
No espaço dos nossos sentidos,
Um olhar de vagabundo
Por entre olhares de entendidos;
Não há nada de espantoso em que reparar
Quando não sabemos de que é feito o universo inteiro,
É esta ansiedade inocente que necessita de mais dinheiro,
Para comprar algo de valor
Temos a nossa vontade e calor
Temos andado a procurar
Tesouros em buracos por escavar;
Não procuro entendimento sobre aquilo que é dito,
Tudo é solto pela mesma razão:
A alma singela é levada a cometer um delito.
Sem culpas a apontar,
Sem peças cruciais para forjar,
Temos andado num caminho
Que é eternamente quentinho
E não temos sentido necessidade de chegar a lado algum,
Não temos aquele receio que excita todo
O homem que venera - o homem comum.

A degradação inicia-se sempre nas fileiras da frente,
Dando tempo às de trás que recuem eternamente
Chegando a tocar D. Sebastião
Já sem força nem vontade
Mas como volante de união,
É guiado na derradeira direcção.
O tempo em que a dúvida dura
Libertou-se do seu antigo manto
Que agora sente de mais perto
A ranhura da fechadura
Da porta que se abriu
Desencadeando um emprego santo;

Mundo, curador das doenças de toda gente,
Alarga o teu rodopiar pesado e cala toda esta
Sociedade que quando não quer falar mente;
Impõe o teu respeito sobre a dor de quem
Não o tem, leva daqui os que não querem colaborar
E por isso não deixam colaborar ninguém;
Em dias de sol filtrado e pássaros a cantar do nosso lado,
Que temos nós para implicar...
Leva embora os ideais Oh Mundo,
Torna o indivíduo, com o arrastar das tuas águas,
Num ser fecundo;
Temos tudo o que é preciso,
Tudo à prova de tudo,
Que não se deixe passar a oportunidade que temos
De falar como o deixa o mudo;
Erguerei dentro de mim aquilo que tiver de ser
Para não erguer a cabeça se por acaso não me apetecer,
Não preciso olhar em frente para saber aquilo
Que é preciso fazer-se,
Ao nos erguermos dentro de nós com calma,
Quando menos esperarmos,
Com alma,
Está o império todo a erguer-se;
Nada mais estará, então, a acontecer...
Apenas o levantar de Portugal
Que acabou por adormecer,
O seu despertar pelo planeta Terra,
Que se continua a desenvolver;
Ouvimos já o cântico líquido do seu crescer...
Esta melodia mais suave que se torna mais fácil
De absorver.